Há meses que passam a voar, e de tão leves...Não damos por eles!
Há meses que esticam, esticam, mas esticam tanto que é impossível distinguir seguramente quando começou o mês ou quando irá terminar...
Há meses que nos trazem mudanças que não esperávamos, mas...passamos a esperar!=)
Há meses que nos contam novidades ao ouvido...E sabe tão bem!
Há meses em que nos acontece de tudo...Fazer algo que nunca se tinha feito antes, cometer loucuras (saudáveis!), aumentar o circulo de amigos, estreitar antigos laços, comer ainda mais chocolate (ok, esta era desnecessária, eu sei...)...
O meu mês de Dezembro incluiu muitas peripécias, situações novas, responsabilidades diferentes, mas...Ei??Ainda não acabou!=)
Dezembro é um mês de guardar na caixinha os acontecimentos do ano que finda e tempo de limpar o pó e arranjar uma outra que se encherá de coisas novas do ano que aí vem...
Como estou a falar do mês de Dezembro, deixo-vos agora com um poema e uma "receita" escrita num jornal, por Carlos Drummond de Andrade:
Uma mala vazia
do final de ano
e eis que tenho na mão
- flor do quotidiano -
É voo de um pássaro,
É uma canção.
(Dezembro de 1968)
Para você ganhar um belíssimo Ano Novo
Cor do arco-íris ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido).
Para você ganhar um ano
Não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
Mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
Novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
Novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
Mas com ele se come, se passeia,
Se ama, se compreende, se trabalha,
Você não precisa beber champanhe ou qualquer outra birita,
Não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?).
Não precisa de fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
Pelas besteiras consumidas;
Nem parvamente acreditar que por decreto de esperança
A partir de Janeiro as coisas mudem
E seja tudo claridade, recompensa,
Justiça entre os homens e as nações,
Liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
Direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
Que mereça este nome,
Você, meu caro, tem de merecê-lo,
Tem de fazê-lo novo,
Eu sei que não é fácil,
Mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Sara